sexta-feira, 24 de junho de 2011

INTERPRETAÇÕES DE INFINITA HIGHWAY (música dos Engenheiros do Hawaii)

Neste blog, também compartilharei minhas interpretações/críticas sobre determinadas obras. Desde já, quero deixar claro que é apenas opiniões e não necessariamente, verdades. Só o autor sabe o que significa suas obras, de forma aprofundada. No entanto, acredito na possibilidade de interpretações diferenciadas e livres, incluindo minhas obras.

Resolvi interpretar uma de muitas das canções que gosto da banda de rock-pop gaúcha Engenheiros do Hawaii, que fez muito sucesso nos anos 80 e início dos 90, paralizada em 2008.

Entre outras canções, "Pra Ser Sincero", "Somos Quem Podemos Ser", "Refrão de Bolero", "Era Um Garoto...", "Terra de Gigantes", "O Papa é Pop", "Toda Forma de Poder", "A Promessa", "Alívio Imediato", "Ninguém=Ninguém", "Herdeiro do Pampa Pobre", "O Exército de um Homem Só", "Sopa de Letrinhas", "A Revolta de Dândis I", "A Revolta de Dândis II", "Piano Bar", "Muros e Grades", "Perfeita Simetria", "Até o Fim", "A Promessa", "Segurança", "Ouça o Que Eu Digo: Não Ouça Ninguém", "Nau à Deriva", "Eu Que Não Amo Você", "A Montanha", "Parabólica", enfim, 26 sucessos, entre tantos.

Pra começar, vale algumas introduções:

Vejam: "Você me Faz Correr Demais" guarda semelhanças com "Por Isso Corro Demais" e "Eu Vejo as Placas Dizendo Não Corra, Não Morra, Não Fume" com "É Proibido Fumar" e ainda "A Sombra de um Sorriso Que Eu Deixei Numa das Curvas da Highway" com "As Curvas da Estrada de Santos".
Mais explicitamente: "A Dúvida é o Preço da Pureza" foi escrita anteriormente pelo filósofo Jean-Paul Sartre (de quem falarei em algum outro dia) em seu livro O Muro.

As frases em vermelho são todas da música INFINITA HIGHWAY. As outras são de Roberto Carlos e Erasmo Carlos.

Minha opinião:

Cabe informar: Highway quer dizer Estrada, Rodovia, Autoestrada. A música poderá estar poetizando as estradas e rodovias do país, as estradas da vida ou a própria vida de forma poética, no entanto, acho que fala (de forma subjetiva) sobre os efeitos das diversas drogas, também.

Vejamos o mais marcante trecho (parte final da música):
"Eu vejo um horizonte trêmulo - Eu tenho os olhos úmidos - Eu posso estar completamente enganado - Eu posso estar correndo pro lado errado - Mas "a dúvida é o preço da pureza" - É inútil ter certeza - Eu vejo as placas dizendo - "não corra, não morra, não fume" - Eu vejo as placas cortando o horizonte - Elas parecem facas de dois gumes - Minha vida é tão confusa quanto a América Central - Por isso não me acuse de ser irracional - Escute, garota, façamos um trato: - Você desliga o telefone se eu ficar muito abstrato - Eu posso ser um Beatle, um beatnik - Ou um bitolado - Mas eu não sou ator - Eu não tô à toa do teu lado - Por isso, garota, façamos um trato: - De não usar a highway pra causar impacto - Cento e dez, cento e vinte - Cento e sessenta - Só prá ver até quando o motor agüenta - Na boca, em vez de um beijo, - Um chiclet de menta - E a sombra do sorriso que eu deixei - Numa das curvas da highway"

* Beatnik = também chamada de Geração Beat (anos 50 e 60), geração que negava o conformismo, formada por vários toxicodepedentes, que originariam os hippies, influenciaria aos Beatles, estes que usavam drogas para aguentarem a rotina sacrificante de shows, cerca de 7 horas por dia, todos os dias.

E vocês, o que acham?
Concordam, discordam, tens outras interpretações?

Eis, abaixo, a música completa:

 Infinita Highway

Engenheiros do Hawaii

Composição: Humberto Gessinger
 
Você me faz correr demais
Os riscos desta highway
Você me faz correr atrás
Do horizonte desta highway
Ninguém por perto, silêncio no deserto
Deserta highway

Estamos sós e nenhum de nós
Sabe exatamente onde vai parar
Mas não precisamos saber pra onde vamos
Nós só precisamos ir
Não queremos ter o que não temos
Nós só queremos viver
Sem motivos, nem objetivos
Nós estamos vivos e é tudo
É sobretudo a lei
Dessa infinita highway
Quando eu vivia e morria na cidade
Eu não tinha nada, nada a temer
Mas eu tinha medo, medo dessa estrada
Olhe só, veja você
Quando eu vivia e morria na cidade
Eu tinha de tudo, tudo ao meu redor
Mas tudo que eu sentia era que algo me faltava
E à noite eu acordava banhado em suor
Não queremos lembrar o que esquecemos
Nós só queremos viver
Não queremos aprender o que sabemos
Não queremos nem saber
Sem motivos, nem objetivos
Estamos vivos e é só
Só obedecemos a lei
Da infinita highway
Escute, garota, o vento canta uma canção
Dessas que a gente nunca canta sem razão
Me diga, garota: será a estrada uma prisão?
Eu acho que sim, você finge que não
Mas nem por isso ficaremos parados
Com a cabeça nas nuvens e os pés no chão
"Tudo bem, garota, não adianta mesmo ser livre"
Se tanta gente vive sem ter como comer
Estamos sós e nenhum de nós
Sabe onde vai parar
Estamos vivos, sem motivos
Que motivos temos pra estar?
Atrás de palavras escondidas
Nas entrelinhas do horizonte dessa highway
Silenciosa highway
Eu vejo um horizonte trêmulo
Eu tenho os olhos úmidos
Eu posso estar completamente enganado
Eu posso estar correndo pro lado errado
Mas "a dúvida é o preço da pureza"
É inútil ter certeza
Eu vejo as placas dizendo
"não corra, não morra, não fume"
Eu vejo as placas cortando o horizonte
Elas parecem facas de dois gumes
Minha vida é tão confusa quanto a América Central
Por isso não me acuse de ser irracional
Escute, garota, façamos um trato:
Você desliga o telefone se eu ficar muito abstrato
Eu posso ser um Beatle, um beatnik
Ou um bitolado
Mas eu não sou ator
Eu não tô à toa do teu lado
Por isso, garota, façamos um trato:
De não usar a highway pra causar impacto
Cento e dez, cento e vinte
Cento e sessenta
Só prá ver até quando o motor agüenta
Na boca, em vez de um beijo,
Um chiclet de menta
E a sombra do sorriso que eu deixei
Numa das curvas da highway












Dica de site para ouvir, ler, ver as mais acessadas e traduzir as músicas de diversos artistas e grupos (no caso, Engenheiros do Hawaii):

http://letras.terra.com.br/engenheiros-do-hawaii/mais_acessadas.php

8 comentários:

  1. Eu adoro essa música, realmente, as controvérsias devido a sua interpretação são muitas, mas não deixa de ser uma bela letra.

    se puder retribuir, agradeço (:
    http://californiahentrelinhas.blogspot.com/

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  2. Nossa cara muito complexo isso pra te responder melhor sobre o que acho tenho que pensar muito mas é muito interessante a sua analise pessoal faz sentido demais.
    Parabéns pelo blog

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  3. É verdade Aureliana. Não tenho a pretensão de estar certo e sim de ser mais um caminho, mais uma dúvida, pra chegar até ela. Se for possível. E também adoro esta música tanto pela letra, pela melodia, como pelo meu momento na época.

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  4. Caro (ou Cara) UaiMeu, realmente é uma letra um tanto complexa! Por isso, de dífícil interpretação! Valeu pelas palavras!

    E continuo recomendando o seu ótimo blog, sem ser trocas de gentilezas. Fiquei amarradão na parte de REFLEXÕES. Mas, fala um pouco de tudo!

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  5. Acho que a música tem algo a ver com a filosofia do existencialismo, depois que vi um comentario no youtube; tem um trecho que diz:
    Me diga, garota: será a estrada uma prisão?
    Eu acho que sim, você finge que não
    Mas nem por isso ficaremos parados
    Com a cabeça nas nuvens e os pés no chão
    "Tudo bem, garota, não adianta mesmo ser livre"
    Se tanta gente vive sem ter como comer
    Estamos sós e nenhum de nós
    Sabe onde vai parar
    Estamos vivos, sem motivos
    Que motivos temos pra estar?

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  6. Alison Luft, me desculpe demorar a responder, pq quase não entro mais no meu próprio blog. Muito trabalho tem me impedido! E concordo com a "filosofia do existencialismo". E exatamente por este conflito que muitos resolvem partir para caminhos de fuga tais como o consumo de drogas, por exemplo. E o vice-versa ocorre também: as próprias drogas provocam a crise de existencialismo! Abraços!

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  7. Olá, eu também penso que a letra da música tem a ver com questões do existencialismo. Por exemplo, quando Humberto Gessinger canta "eu vejo as placas dizendo não corra, não morra, não fume" me remete a ideia de que a sociedade contemporânea nos impõe diversas "verdades", entre elas o caminho da felicidade. Hoje todos querem ser felizes acima de tudo, como se esse isso fosse algo tangível, como se fosse um colar que você compra e que carrega consigo. Se você o conserva você está sempre feliz, já que ele te pertence. O problema é que talvez a felicidade seja apenas um estado de "espírito", não um estágio alcançado e sólido de uma vida "bem vivida" (ninguém é feliz sempre). Então, entre as "condições" para uma pessoa ser considerada feliz hoje é necessário que ela seja totalmente "saudável": não fumante, hiper cuidadosa com sua integridade física, magra, praticante de exercícios físicos, alimentação regulada. Eu não estou dizendo que essas coisas não importam, mas que esses são valores impostos no imaginário coletivo como meta a ser alcançada por todos para serem realmente felizes. Então, quem leva uma vida com outros valores, é rejeitado de várias formas. As "placas" são manuais de instrução para a vida que substituem a autonomia de raciocínio de cada pessoa.

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  8. Oi, Junior!

    Primeiro, agradeço a sua participação aqui no blog!

    Quanto à sua interpretação, achei bem bacana! Bem pertinente! Todos vivemos essas crises existenciais do tipo "faço o que quero ou faço o que os outros querem que eu faça ou ainda faço o que os outros entendem como a vida perfeita?"

    Ao se tomar uma decisão, vamos sempre ser parabenizados por alguns e criticados por muitos. Caberia a nós, tentarmos refletir e ver o que nos faz feliz de fato, sem prejudicar os outros, é claro (ou não, como diria Caetano)!

    Por conta dessas "placas" estou meio afastado do blog! Pretendo retomar em breve e conto com sua participação! Durante a próxima semana, devo falar de outras músicas que gosto muito, de outros compositores!

    Abração!

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