quinta-feira, 23 de junho de 2011

POESIA: CONVENHAMOS! (no livro-antologia: A Árvore da Vida)

CONVENHAMOS!


Sinto muito...

Convenhamos: estamos presos.
Enlaçados num sistema
Onde em tudo há preços
Sem etiquetas

Convenhamos: propaganda enganosa.
Qualidade de pérfido
Dominante na mídia versada em prosa
Sem queixas

Convenhamos: assobiamos cansados.
Fadiga vinda da fome
Povos maltratados
Sem educação

Convenhamos: mente desabitada.
Menoscabo cultural
Faz-se a crítica ávida
Sem Motivação

Convenhamos: desgosto desnecessário.
Desemprego desenfreado
Desperdício desonroso e diário
Sem piedade

Convenhamos: estrada silenciosa.
Metamorfoses semi-artísticas
Partes do corpo em voga
Sem originalidade

Convenhamos: erguem-se muros.
Ainda bem, não temos censura
Mas, nossa voz gera frutos
Sem sementes

Convenhamos: pecados capitais.
Vemo-los como mandamentos
Guardados em portas transversais
Sem frentes

Convenhamos: espaços vazios.
Crescimento detido
Ofuscado pelas drogas sociais
Sem remédios

Convenhamos: descobrimos a ciência.
Distinguimos cores diversas
Desvendamos a genética
Sem créditos

Convenhamos: escolhemos parir.
E se a polícia comete latrocínio
A justiça ainda não houve de vir
Sem idas

Convenhamos: avançamos no tempo.
Retornamos à Torre de Babel
É a novela deste movimento
Sem dúvidas

Convenhamos: árvores no inverno.
Choques do instinto animal
O outro usa terno
Sem bolso

Convenhamos: torno-me antiquado.
Quando repito minha moda
Modismo negado, eu renegado
Sem posto

Convenhamos: crescimento demográfico.
Daí explicam-se as chacinas
Encomendas do destino quântico
Sem físicos

Convenhamos: há um limite.
Horizonte obscuro e “dark”
Por mais que me irrite
Estou ficando sem sentidos

                          Desculpem-me: se já não sinto nada.

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