segunda-feira, 25 de julho de 2011

CONTINUAÇÃO DO ROMANCE-POLICIAL: EU SOU QUEM VOCÊS PROCURAM!

Capítulo 2 - QUENTE KERR

* * *

     Do outro lado da esquina, vinha o Corsa Sedan 1.6, creio: ano 1997. Relativamente antigo, mas em bom estado. As 4 portas bem pintadas de amarelo (além da linha horizontal azul) como todo e qualquer táxi que transita pela orla de Copacabana, mais precisamente, próximo ao hotel Copacabana Palace.

      Haviam inaugurado o motel Quente Kerr, a cerca de poucos metros do hotel citado. Tornou-se rapidamente atração turística onde os gringos (e gringas, em alguns casos) queriam ver o que a brasileira tem. Alguns casais, sem o menor pudor, já freqüentavam a casa em troca de noites românticas muito bem recomendadas pelos primeiros visitantes, no boca-boca, literalmente, muitas vezes.

     Então, o carro circulava nas mãos de Alfredo Morais, taxista bastante requisitado pela redondeza. Era honesto. Cobrava preço justo, bandeira 1 ou 2 nos horários apropriados e conforme as regras. Tinha lista extensa de admiradores, e sobretudo admiradoras. Ana Carolina Machado era uma delas. E estava no automóvel. Em dia atípico resolveu circular para espairecer. Precisava de ar. Morena típica de Ipanema com seus 26 anos incompletos, inteligente, audaciosa, teimosa, exigente, e... não deixaria oportunidades de realizações de certas fantasias pessoais passarem. Precisava ter o controle de seus sonhos. Precisava torná-los reais. Estava ali: Alfredo Morais, pai de 2 filhos crescidos, casado, cara de cafajeste e olhos falsamente tímidos. Sua idade: 43 anos, deixava clara a sua competência nas relações com as mulheres. Casado 2 vezes. Sendo os dois filhos do segundo casamento (e atual). Um tinha 16 e o outro apenas 9. Dois moleques. Dois meninos. Não deixava nada faltar em casa. Mas, se via jovem e necessitava aproveitar a vida. A garota poderia ser filha dele, mas não era. Sobrancelhas perfeitas em forma de triângulo, como se chamassem para eventos mais calientes. Olhos castanhos escuros, cabelos pretos, vestido curto de cor vermelha, saltos altos vermelhos e modestos. Era noite. Bela. Um metro e cinqüenta oito. Unhas curtas e avermelhadas em tom mais claro do que a roupa. Peles delicadas e finas. No pescoço, tatuagem criativa, desenhando colar verde-ouro jamais visto por Alfredo. Perfume Carolina Herrera 212 Sexy. Neste dia: irresistível! Ana Carolina, mais conhecida por seus amigos como Carol pensava em ser cantora, porém não tinha voz suficiente, só dinheiro. Não teria muito sucesso. Alfredo sacava atentamente os movimentos sensuais de sua “fiel” passageira. Cruzando as pernas, mordendo os lábios ao dirigir-lhes as palavras. Ar-condicionado ligado, pois, não resistiria o calor de 33 graus em pleno verão carioca. Até que ocorreu a pergunta:
      - Pra onde nós vamos hoje?
  - Nem sei! Queria companhia! Talvez, conversar!
    - Vai ficar muito caro, se quiser, até baixo para bandeira 1 ou cobro valor fixo, mas preciso saber pra onde vamos...
      - Queria fazer algo diferente...
      - Parar nos quiosques, alguma boate nova?
      - Ei! Pare aqui!

     Estavam em frente ao motel Quente Kerr.
     - Veio esperar alguma amiga aqui?
    - Não. Estou sozinha hoje! Quero companhia especial...

      Agora, a voz também era sensual.
   - São 42 reais, mas pode me vê 40 pra arredondar.
      - Posso pagar de outra maneira, se desejar!
     - Bem... – antes de ouvir quaisquer palavras, Ana lhe tacou uma lambida no verso de suas orelhas.

      Alfredo resolveu atender aos “comoventes” pedidos de acompanhar Ana e seus fetiches e desejos. Não era homem de negar “companhia”. Como a entrada ficava três metros atrás, teve que dá a ré, e entrou no pequeno prédio, às 21h23min, exatos. Não podia ser pernoite. E nem teriam tanta “conversa” assim. Não precisava. Seriam 4 ou 6 horas, talvez um pouco mais.

     Já ofegantes, adentravam o estabelecimento e depois de questionamentos básicos de preço, tipo de quarto, ambos ficaram maravilhados com a estrutura interna e luxo do motel que de fora lhes pareceu mais simples. Havia espelhos no corredor próximo ao apartamento reservado. Iluminação baixando no decorrer da área. As chaves tipo-cartão quem carregava era o taxista. Barba por fazer, nem gordo nem magro, branco de cabelos ondulados, desarrumados e destratados. Traços fortes, rosto retangular. Oposto da Carol.

     Abriram a porta. Mãos dadas. Suor escorrendo nem tanto pelos graus Celsius registrados. Coração batia apressado. Tanto luxo e Alfredo, teve leve momento de insegurança, abrindo a porta de forma trêmula. Nem estava acostumado com ambientes muito modernos. O cartão entrava, era lido, e só após podia ser retirado. Entraram, finalmente. E...

2 comentários:

  1. Bem conduzido deixando o leitor curioso pelo que vem a seguir!

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  2. Valeu, Wild Garden! Espero por esta "curiosidade" do(a) leitor(a) e espero também agradar quando puder chegar ao final!

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